quinta-feira, dezembro 08, 2011

a um amigo

Disseste-me tu, hoje:
É um pensamento meu, que reside no facto de gostar de dar atenção a tudo e todos, e não ter tempo...
É um equilíbrio que me custa encontrar
Creio que também passas (ou já passaste pelo mesmo)...

Ironicamente não falámos mais sobre este assunto, apesar das horas que costumamos falar. Não sei porquê. Talvez não quisesses abordar esse assunto e, eu por um qualquer motivo só me recordei dele quando foste dormir. Não, não foi isso...
As minhas deambulações sincronizam-se com a noite, melhor, com as altas horas da madrugada, é nesse espaço que elaboro o meu dia quando o silêncio se instala de tal forma que não existe desculpa de qualquer perturbação.

À falta de palavras minhas e, porque muitos já escreveram belas, mas também duras e, sensatas palavras sobre o sentimento de não conseguirmos responder satisfatória e prazerosamente a todas as solicitações que se nos colocam, deixo daquelas que li as que me marcaram mais.
De Sartre aprendi sobre a realidade humana que ser é escolher-se: nada lhe vem de fora, nem tão pouco de dentro, que possa receber ou aceitar. Está inteiramente abandonada, sem auxílio de nenhuma espécie, à insustentável necessidade de ser até ao mais ínfimo pormenor. Assim, a liberdade não é um ser: é o ser do homem, quer dizer o seu nada de ser. (…) O homem não pode ser ora livre, ora escravo; ele é inteiramente e sempre livre, ou não é.
E é em estar, sentir, contemplar - com as angústias de que fala Exupéry - que é possível Ser. Porque as angústias invadem quer o inquieto, exclusivamente deslumbrado por aquilo que arde com uma luz vaga; quer o poeta cheio de amor pelos poemas que nunca escreveu o seu; quer a mulher (e o homem apaixonados) pelo amor, mas incapaz(es) de devir por não saber(em) escolher.
Exupéry acreditava que essas personagens sabiam que ele podia curá-los da angústia, bastava para isso que ele lhes permitisse esse dom que exige sacrifícios e escolha(s) e o esquecimento do universo.
E explicava porquê. Porque determinada flor é, em primeiro lugar, uma renúncia a todas as outras flores. E, no entanto, só com esta condição é bela. É o que acontece com o objecto da troca. E o insensato, que vem censurar a esta velha o seu bordado, sob o pretexto de que ela poderia ter tecido outra coisa, demonstra com isso que prefere o nada à criação.

Sim! É como diria Pavese a ironia da escolha. É um sinal do carácter trágico da vida, que consiste no facto de um valor não se conciliar com outro. Renunciamos a muitas coisas para ter uma só e as pessoas que tomam como garantida qualquer coisa entram em colisão com quem tem esta visão pois, pretendem escapar a esse lado trágico da vida. As pessoas que gozam vagamente qualquer coisa, idem, na medida em que também negam, por avidez, a incerteza e a contingência. Aspirar a qualquer coisa, pretendê-la, é em si mesmo agressivo na medida em que suprime a ironia da vida.

Passamos a Freud! Odiamos os outros porque nos odiamos a nós próprios. O que se pode estender a tomarmos por garantido o que não devemos. Irónico? Certo?! Talve a fé seja aqui a solução... mas sobre isso saberás certamente mais respostas e questões que eu !

No fim, criamos aquilo que está em nós, o que somos e, não podemos ser uma e outra coisa. O ser e a sombra, da Ursula K. Le Guin, nomes diferentes mas, unos e, só aquando da descoberta desses dois, apenas um, Ser.






 Love - Devotion
Feeling - Emotion

Don't be afraid to be weak
Don't be too proud to be strong
Just look into your heart my friend
That will be the return to yourself
The return to innocence.

If you want, then start to laugh
If you must, then start to cry
Be yourself don't hide
Just believe in destiny.

Don't care what people say
Just follow your own way
Don't give up and use the chance
To return to innocence

That's not the beginning of the end
That's the return to yourself
The return to innocence

P.S.: obrigada por me fazeres pensar e, de alguma forma, ter voltado a encontrar prazer em escrever

1 comentário:

Sinval disse...

Palavras amigas,
são como abraços,
são como cantigas,
fortalecem laços!