A vida corre a largos passos com os desejos cumpridos e por cumprir que todos os dias renovo e transporto para este plano de existência físico. Não é raro perder-me em pensamentos, mais ou menos profundos, de futuros longíquos ou imediatos, presentes ou ausentes no limiar das possibilidades do que os meus olhos conseguem vislumbrar e do que a minha consciência consegue fazer e, ou, tirar sentido. Por mais que gostasse de possuir clarividência inata, um sexto sentido, ou poder, como aqueles que caracterizam (a)normalmente os super-heróis e heroínas as minhas deambulações faço-as à custa do que de mim vou conhecendo, ou de conhecimentos de que fui confrontada por circunstâncias da vida e das minhas escolhas, o que hoje parece tirar-me energia essencial ao equilíbrio que, paradoxalmente com estes exercícios, procuro.
Os mistérios mais insondáveis das pessoas com as quais me relaciono às vezes povoam-se mais de cegueira do meu ângulo de visão, de algum recato a que essas pessoas se devotam até se sentirem tão seguras que depois os revelam, ou o tempo tem essa função de nos fazer perceber que tudo tem um tempo?
Não que acredite que há uma linearidade de comportamentos sucessivos, padrões que correspondem a perfis de formas de comportamento pelos quais, desde início, se possa prever quem é o quê, quem é capaz do quê, por que objectivos ou motivações. Nem sou favorável a este tipo de abordagens, filosofias positivistas que parece, hoje, impregnarem-se por todas as áreas das nossas vidas. Sempre me fascina o que de mais obscuro existe, o que está nas margens, o que se pode conhecer e a um mesmo tempo escolher, na posse do conhecimento que se tem de nós e dos outros, o que nos poderá ser mais prejudicial que aos outros! Talvez porque para mim resida aí a humanidade que nos deve caracterizar, bússola moral pode ser mas, essência sincera de que se aceita, não o mundo como ele é mas, as escolhas que fazemos e daí vivemos com elas em plenitude.
Por isso, posso gostar de ti, como gosto de mim, quando te vislumbro as imperfeições que por momentos tentas esconder e elas se revelam. Mesmo quando algumas dessas imperfeições remetem para algumas que já vi e aceitei que tenho, outras que vejo mas ainda não aceito e, outras, ainda, que não vejo em mim embora elas possam ter moratória na minha alma. Contudo, o sofrimento vivo-o quando vislumbro em ti, ou nos tis!, estas nuances e percebo que vezes sem conta te, ou tes!, dispões a empurrá-las para as entranhas ao invés de as aceitares como tuas, abraçá-las e decidires que as queres assim ou que as queres modificar, porque aí sim, és livre! e não vives a ilusão da liberdade. E custa-me porque também já vivi na ilusão da liberdade e, embora seja difícil o confronto diário com as minhas limitações, desejos e angústias é das decisões conscientes que tiro as maiores alegrias, porque aí sim, exerço a minha liberdade, o meu livre arbítrio e não flutuo ao sabor do "acaso".
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