terça-feira, outubro 24, 2006

do sonho à realidade...

Tenho reparado inúmeras vezes como me fazes sorrir, como despontas em mim a alegria de viver, de conviver. Como é bom olhar para ti e ver esse sorriso lindo que te ilumina o rosto...
Imagino um sem fim de cenários. Sonho. Nos sonhos deixo-me levar. Como se o desejo teimasse concretizar-se. Acordo. O meu Super-Ego castra-me a tentativa da passagem do sonho ao mundo real.
Racionalizo inúmeras vezes todos os pormenores, sem deixar que nada escape ao meu minucioso raciocínio. Justifico tudo à lupa com uma precisão que me permite não me permitir a nada.
Descubro no meio da loucura que desejava concretizar-se, que afinal, as coisas não são o que parecem... por isso o juízo, o raciocínio que é preciso e necessário...
Não posso. O tempo urge. A vontade aumenta. Tento evitar que a imaginação usurpe os meus pensamentos. O bater do coração diz-me o contrário. Tento evitar a todo o custo. Acabo inevitavelmente por retornar ao desejo sonhado. Quanto mais quero que ele vá embora, mais ele é recorrente, mais permanece, vive e povoa o meu pensar e sentir.
Vivo-o sem o viver, mas podendo vivê-lo rejeito que o quero viver.
Sei agora que o desejo brilha, mas não sei descortinar o que está por detrás da luz. Não sei se foi talhado no mais puro mármore para ser efémero ou perene. Custa-me este não poder sentir do sentir. Este não ver e ver. O tocar e não tocar. Que o meu inconsciente brinque com as minhas inquietudes e desejos. Que a realidade seja distorcida, ou não seja visível, e que isso me leve a tecer no imaginário a concretização desse desejo inconcretizável e por isso frustrante.
Como dizia Shakespeare, eu sou do tecido de que os sonhos são feitos. Não gosto é que esses sonhos sejam induzidos falsamente, e que a esperança secreta que os alimenta seja fruto da ilusão...
Não gosto que esse sorriso que ilumina o teu rosto ofusque a minha percepção, que me tente enganar... que esconda por detrás desse brilho imenso que me faz apaixonar pela vida o amargo da realidade que tenta esconder... se tudo for ilusão, nada é real e assim, nunca fomos essa magia imaginada com alguma vaidade e narcisísmo cheia de vida e risos, de sol e chuva, de paz e reboliço...
"I remember the rain on the roof that morning, and all the things that I wanted to say (...) I didn't come here to find out, there's a weakness in my faith" - cheguei aqui pelo poder do sonho e da ilusão...

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