Talvez as palavras sejam poucas e incertas, caprichosas, ditas em momentos-chave para te agradar, ou talvez para me agradarem. Talvez não meça a sua amplitude, o seu desígnio, a sua profundidade por as utilizar de forma familiar e continuada, e por isso elas flutuem dos meus lábios como se fossem tocadas mais uma vez. Não sei se num gira-discos riscado, estragado, corrompido pela severidade repressiva do meu super-ego, ou se por um subtil grassar do meu id que me pressiona com todos esse desejos que querem ser satisfeitos na hora, ao sabor das vicissitudes que me inundam...
Será, que desdenho essas palavras e o que elas expressam por proferi-las vezes sem conta, da mesma forma, desde há nem sei quanto tempo?! Não carregam elas o mesmo sentimento, o mesmo peso, a mesma tónica de outrora?!
Serei assim tão cobarde que utilizo as mesmas palavras desejando que elas tornem reais o que profiro?! Agarro-me a elas, como a esses sentimentos que considero ainda hoje perenes, sem alterações de substância, apenas com outras nuances... Então, porque não utilizar novas palavras, que encham e confiram essas outras nuances numa substância que já conheço?!...
Palavras, mesmo que não as escreva ou profira, ficam gravadas na minha mente, e o seu significado perdura numa memória que é apenas a lembrança de outra memória já tardia, que ainda hoje aquece todas as tempestades que se dão dentro de mim.
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